segunda-feira, 23 de setembro de 2013

My Proteins, Jane Hirshfield

                             Minhas Proteínas

Descobriram, dizem,
a proteína do desejo ardente -
natriurético polypeptide b -
e que viaja em seu distinto caminho
dentro de minha espinha.
Bem como a dor, prazer, e aquecimento.

Um corpo parece uma rodovia,
uma folha de trevo atravessando
bem construída, bem percorrida
Algo de mim indo norte, algo indo sul.

Noventa por cento de minha células, descobriram,
não são minha própria pessoa,
elas são outros seres dentro de mim.

Como noventa e seis por cento de minha vida não é minha vida.

Ainda assim, dizem, sou eles -
minha bactéria e leveduras,
meu pai e mãe,
avós, amantes,

meus motoristas falando nos  celulares,
meus metrôs, e pontes,
meus ladrões, minha polícia
que caçam meu self noite e dia.

Minhas proteínas, aparentemente, também eu,
envolvem as camisas.

Eu encontro nesta metrópole abarrotada
um canto quieto,
onde eu construo blocos de Lego de não-eu
um banco,
pombos, um sanduíche
de pão de aveia, mostarda, e queijo.

Sou eu e não-eu,
a fome
que torna bom o sanduíche.

Não é eu então é,
o sanduíche -
um mistério que nenhum de nós
pode abarcar, revelar, ou consumir.

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