sábado, 24 de março de 2012

The Words Under The Words, Naomi Shihab Nye

Palavras sob Palavras


As mãos de minha avó reconhecem uvas,
o brilho úmido de uma nova pele de cabra.
Quando eu ficava doente elas me seguiam,
Eu acordava da longa febre para encontrá-las
cobrindo minha cabeça como refrigeradas rezas.


Os dias de minha avó eram feitos de pão,
um redondo de tapinhas e vagaroso assar.
Ela espera ao lado do forno observando um carro
estranho que circula nas ruas. Talvez ele contenha
seu filho, perdido para a América. Mais frequente, turistas,
que ajoelham e pranteiam diante de misteriosos relicários.
Ela sabe quão frequente chega o correio,
Quão raro há uma carta.
Quando uma vem, ela a anuncia um milagre,
ouvindo-a ler de novo e de novo
na turva luz da noite.


A voz de minha avó diz nada que possa surpreendê-la.
Seja seu ferimento de arma de fogo ou o bebê aleijado.
Ela conhece os espaços que atravessamos em viagem,
os recados que não conseguimos enviar - nossas vozes são curtas
e se perderiam na jornada.
Adeus ao casaco do marido, 'aqueles que ela amou e nutriu,
Aqueles que voam longe dela como sementes em profundo céu.
Eles se plantarão a si mesmos. Nós todos morreremos.


Os olhos de minha avó dizem Alá que está em todo lugar, 
até na morte. Quando ela fala da orquídea e do novo lagar de oliva,
Quando ela conta histórias de Joha e seus saberes bobos,
Ele é o seu primeiro pensamento, o que ela realmente pensa
é de Seu nome. "Responda, se você ouvir palavras sob palavras -
do contrário é simplesmente um mundo com muitas duras arestas,
difícil de penetrar, e nossos bolsos cheios de pedras."

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