segunda-feira, 26 de março de 2012

Lunch in Nablus City Park, Naomi Shihab Nye

Almoço em Nablus City Park


Quando você almoça numa cidade que recentemente conheceu a guerra
sob um calmo céu de ardósia espelhando nada disso,
Certas palavras sentem impossíveis na boca.
Acidente: acidental demais, deve ser mudado.
Um homem baixo fixa um monte de pão de fibra na piteira
em cada beira da mesa, murmurando algo sobre haver mais por vir.
Pássaros arrojados aterrissam nos bancos do parque 
certamente tiveram seus olhos fechados recentemente
não devem ter visto nada das armas ou bloqueios.
Quando a mulher diante de você cochicha
eu não acho que possamos suportar mais
e você diz que há pessoas rezando por ela
nas montanhas do Himalaya, e ela diz
Senhora, não é suficiente. E aí?


Uma travessa de almôndegas em forma de charuto,
prato de tomate, amigos molhando o pão -
Eu não me casarei até que haja um amor verdadeiro, diz alguém
lançando pra trás sua cascata de perfumado cabelo.
ele diz que a Universidade do Texas parece remota para ele
como Marte, e o mês passado ele ficou em casa 26 dias. Ele não sairá,
se recusa a sair. No mercado estão vendendo sapatos de homem 
com abertura para ventilação; um mendigo exibe a gigante crosta de ferida
se arrastando de viela em viela,
e estudantes se reúnem para discutir o que constitui um protesto genuíno.


Nos verões, este Café fica cheio. Hoje apenas uma mesa envia risada para as árvores.
O que não pode ser respondido marca a toalha de mesa entre os quadrados
de branco e vermelho. Onde as almas das colinas se escondem quando há
tiroteio nos vales? O que faz um homem com arma parecer maior que um
homem com amêndoas?
Como pode haver guerra e no dia seguinte comer, um homem fixando pratos
na virada do braço; uma mesa de pessoas brindando um ao outro em linguagens
de graça: Para você que veio de tão longe; Para você que resistiu, usando um cachecol preto para significar o luto; Para você que acredita em amor verdadeiro possa encontrar
você entre esse atlas de lágrimas ligando uma cidade  e sua memória de morteiro,
quando era ainda um sonho a construir, e as pessoas se mudaram pra cá, acreditando, 
e alguém com céu e pássaros em seu coração disse que este seria um bom
lugar para um parque.

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