Por vezes
a luz do dia estremece
atrás de você e é
um grande tesouro neste caso hoje homem
a cavalo em pleno calmo galope em Omaha
sobre meu ombro esquerdo chega rápido
mas
calmo nada audível pra mim até que eu
por nada, vire a cabeça
como se o que ficara atrás
sussurrasse:
o que posso fazer por você hoje, e eu
acabara de me virar e
responder e a resposta
à minha resposta escorreu vinda
de frente com o sol tardio: ele/eles
dirigiam-se adentro - vislumbrantes -
peito ensopado e joelhos levantados e
leve batida dos cascos e ímpeto até o respirar
do grande melhor -deste que bem atrás de mim,
me ultrapassa - o cavaleiro olha reto
à frente e ainda assim
sorri sem me olhar e ao sorrir eu sorria
ambos sorríamos para o jovem
animal, meus pés no
gume do quebra-onda, seus cascos retornam,
conforme iniciam a ultrapassagem
à beira do quebra-mar, cada um espirrando floco de
oceano ofertado à vermelha
luminosidade - faíscas - ao abrirem seu caminho,
perfurando lado a lado para desimpedir
a vida, lugar onde ninguém mais seja /de repente
morto - indiferente à "causa" - ninguém - apenas este
galope avante ousado de força que atravessa as pequenas ondas, gaivotas
espalhadas toda volta, seus
guinchos estridentes erguem-se em mais pedaços de espuma vermelha, os
cascos do cavalo agora subitamente
mais sonoros ao passarem e suas pegadas na
funda areia úmida aprofundam e imediatamente preenchida por milhares de
pulgas d'areia em alvoroço se assentam nos sucessivos
declives
em nova e livre praia - exato momento para algo
de vida macroscópica ressuscitar por meio dessas conchas
no oblíquo relance d'olhos de oceano recuado é
revelador, e as pulgas d'areia encontrando-as, exato como a luz
faz, entalhando-as com a sombra, e o brilho em cada sulco, e
a água s'esvaindo no mais profundo corte da pisada,
e quando fecho meus olhos agora não sou mais o cego
caminhante até o baixar do sol, água ruidosa à direita,
mas aquele que enxerga
de olhos fechados
pondo os pés no chão
um de cada vez
na terra.
- Traduzido do poema publicado na revista New Yorker
Oi prima, não sabia que escrevia poesias, textos...gostei muito!!! Bjs
ResponderExcluirque bom, Márcia, quero ver os seus também.
ResponderExcluirbeijo