sábado, 26 de junho de 2010

Pôr-do-Sol Yara / Sundown by Jorie Graham (The New Yorker 19, 2010

Pôr-do-Sol

Por vezes

a luz do dia estremece
a
trás de você e é

um grande tesouro neste caso hoje homem
a cavalo em pleno calmo galope em Omaha
sobre meu ombro esquerdo chega rápido
mas

calmo nada audível pra mim até que eu
por nada, vire a cabeça
como se o que ficara atrás
sussurrasse:

o que posso fazer por você hoje, e eu
acabara de me virar e
responder e a resposta

à minha resposta escorreu vinda

de frente com o sol tardio: ele/eles
dirigiam-se adentro - vislumbrantes -
peito ensopado e joelhos levantados e

leve batida dos cascos e ímpeto até o respirar
do grande melhor -deste que bem atrás de mim,
me ultrapassa - o cavaleiro olha reto
à frente e ainda assim

sorri sem me olhar e ao sorrir eu sorria
ambos sorríamos para o jovem
animal, meus pés no

gume do quebra-onda, seus cascos retornam,
conforme iniciam a ultrapassagem
à beira do quebra-mar, cada um espirrando floco de

oceano ofertado à vermelha

luminosidade - faíscas - ao abrirem seu caminho,
perfurando lado a lado para desimpedir
a vida, lugar onde ninguém mais seja /de repente

morto - indiferente à "causa" - ninguém - apenas este
galope avante ousado de força que atravessa as pequenas ondas, gaivotas
espalhadas toda volta, seus

guinchos estridentes erguem-se em mais pedaços de espuma vermelha, os
cascos do cavalo agora subitamente
mais sonoros ao passarem e suas pegadas na
funda areia úmida aprofundam e imediatamente preenchida por milhares de
pulgas d'areia em alvoroço se assentam nos sucessivos
declives
em nova e livre praia - exato momento para algo
de vida macroscópica ressuscitar por meio dessas conchas
no oblíquo relance d'olhos de oceano recuado é
revelador, e as pulgas d'areia encontrando-as, exato como a luz
faz, entalhando-as com a sombra, e o brilho em cada sulco, e

a água s'esvaindo no mais profundo corte da pisada,

e quando fecho meus olhos agora não sou mais o cego
caminhante até o baixar do sol, água ruidosa à direita,
mas aquele que enxerga
de olhos fechados
pondo os pés no chão
um de cada vez
na terra.

- Traduzido do poema publicado na revista New Yorker

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