Uma noite sem navios. Sirenes-sereias intramuro de nuvem, e você
ainda vivo, ímã de luz como se fora o fogo em afago de monges,
treva outrora esmagada por estrelas, mas agora - morte opaca - e você a velejar, adentra,
Permeia o tojo selvagem e os sargaços do mar, permeia a urze e a fibra rompida.
Você escapou, me puxando pela mão pra que eu visse isso por uma vez na vida:
o giro rodopia a luz, seu sussurro suscita a perda,
lá desde a era do fogo, era das velas e o oco pavio de lâmpadas
óleo de baleia e sólida mecha, colza e lardo, querozene e carboneto,
os fogos alaridam e alumiam esse arriscado Promontório.
E você me diz: fique atenta, seja o que "vira" muito pela lente tal que
forme enfim matéria em cristal a respirar o ver, seja o teixo em floração quando as abelhas enxameiam,
seja sua catedral de âmbar e, até os fantasmas dos monges cistercienses serão gentis com você.
Em certa luz, aquela depois da chuva, em nuvens peroladas ou a água acolá, vista ou percebida água,
do mar ou do lago, você pararia quieto intenso além olho. Também
quando os vagalumes se abrissem e pisca-piscando, nosso único paraíso. Você me ensinou a viver assim.
Que depois da morte seria como antes de nascer. Nada a temer. Nada. A não ser a felicidade tão intolerável como o espanto da qual advém. Avance até a luz intermitente, seja sem navios.
- minha "tradução" (sem timidez)
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