Esses primeiros passos poderiam situar a origem de sua capacidade de materializar abstrações,
de depurar sua linguagem do descontrole sentimental, de evitar a facilidade da retórica decorativa? Estaria aí o exercício inicial de suas expressões e fixação de temas, de seus jeitos sintáticos de sua linguagem poética que em português se criou da "tradução" mental, por ele mesmo, de construções correntes, ou mesmo das esquisitices e estranhamentos que a língua inglesa lhe permitiu? "sentimento-raiz", traço primeiro (em inglês) da origem de sua contenção "britânica"?
(Muito após esses seus primeiros versos ingleses, falou de sua infância em português:
"Quem me entalou esse choro /Nas goelas do coração?" A infância volta, apesar de seus desmentidos: "Nunca senti saudades da infância", disse ele em carta a Gaspar Simões. Mas, uma certa infância, entre parênteses: "(Sei muito bem que na infância de toda gente houve um jardim / Particular ou público, ou do vizinho / Sei muito bem que brincarmos era o dono dele / E que a tristeza é de hoje)". Infância é cor: "Grandes livros coloridos, para ver mas não ler; / Grandes páginas de cores para recordar mais tarde"). Infância é música:"Uma ternura confusa, como um vidro embaciado, azulada,/Canta velhas canções na minha pobre alma dolorida"; "Quem é que cantava isso? Isso estava lá. / Lembro-me mas esqueço./ E dó, dói, dói..."- a um só tempo terno apelo à inteligência desencantada...já lá?: "Fúrias partidas, ternuras como carrinhos de linha com que as crianças brincam"...)
How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask of and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out o the mask by co-masked eyes
Whatever consciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing.
And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.
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Quantos disfarces usamos,e subdisfarces,
Em nossa calma d'alma, e quando,
Se para se divertir a alma desata a farsa,
Sabe que a derradeira cara da máscara escancara?
A verdadeira, a mais cara não se encaixa na falsa face
Mas alerta encara por carranca d'olhos
Sabe-se lá que alerteza alicia tarefa
Tarefa aceita adormece elos
Como criança espelha o medo de careta,
Nossas almas-crianças pensam à solta,
Enganam a outridade cara feia à vista
E engatam o mundo inteiro em sua causa esquecida
E, quando um pensamento desmascarasse a nossa alma mascarando,
S'esvai não sem máscara, a escancarar-se.
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