domingo, 4 de novembro de 2012

Faces à Janela, Yusef Komunyakaa, New Yorker

                                            Faces à Janela

Eles devem estar se divertindo lá embaixo
Sara chupando nas três cores de seu pirulito & Bruno se enlaçando
no topo de seu parafuso aéreo. Suas risadas
erguem-se para devagar me torturar.
Eles devem estar se divertindo. Sim,
Mãe, estou praticando minhas séries.

Com Bruno ido há anos na guerra
& Sara perdida na América,
Eu contei os verdes saltos dos anos.
Agora o hall de concerto está enchendo,
esperando o prodígio para tocar a chuva
sobre um teto de zinco. Estou na primeira fila
antes de caminhar afora na noite.

Aqueles dedos nas teclas desamarraram 
meus pontos. Eu sabia todas as notas
antes de um pardal ser condenado
a cantar nos beirais. Eu fico aqui
imóvel, claramente apenas
uma silhueta fixamente olhando para uma bola
pulando na calçada.

Ele deve estar se divertindo. Meus dias
somente um toque de mudas  nuances
& esquecidas cadências. Alguém por favor
me lembre. Sarah, onde quer que esteja, eu espero
que você esteja se divertindo. Haha
ainda corre passado a janela,

embaixo na colina. O morto vive
atravessando a rua, pra cima & pra baixo
no quarteirão. Oh, bem, sim, o piano. É o meu filho 
Federico, chamado assim segundo um grande
poeta espanhol, tocando as teclas
devagar como o vento através da erva de sangue.

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