terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sphere, Henri Cole, da New Yorker

                                                ESFERA

Senhor, eu não tenho chá preto, a garçonete replicou,
então eu pedi Black Label em seu lugar. Era verão e a fragrância
de flores brancas dos gafanhotos pretos tinham despertado, como fadas ou matéria obscura.
Um urso preto vestido de tormentos perturbou o pássaro empenado onde a fome
toutinegras eram uma visão. E as moscas pretas picavam energeticamente.
Billy morreu de Peste Negra (eu não deveria chamá-la assim) e flutuava como um cavaleiro
alado.
Não há nada tão errado quanto jovens morrerem. Eu demoli minha bicicleta, e ganhei dois olhos pretos. Na Clínica Mayo,
Papai teve suas artérias desobstruídas, graças às belas mãos negras do cirurgião.
Depois que ele morreu, chamamos todo mundo em seu livro preto e encontramos
um espaço negro que não pudesse ser levantado por impotentes asas. Como eu,
ele era a ovelha negra. Houve brigas. Uma vez, dirigindo perto da Montanha Negra, 
ele deixou escapar, "Não tem nada tão bom quanto milho e melancia roubados."
Seu rosto era como uma negra aranha sorridente. Questionando a terra da qual eu vim
("Filho, você recebeu sangue misturado") - e aquilo se delineou de volta - ele limpou o
caminho em direção à luz escurecida. Ao lado da estrada de cume negro,
com diamantes negros em seus olhos, deitado numa cama de amores-perfeitos.
À nossa volta, cinza negra e nogueiras negras fizeram uma cortina aveludada.
Morto há dez anos, ele me visita frequentemente, como uma cabeça atrás das grades com aquele humor negro.
Se eu o amei de volta, eu imagino? Se eu o amei com todo meu coração e todo o meu fígado, por que eu cuspi nele no rio?


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