quinta-feira, 14 de maio de 2009

Intertexto II - Fernando Pessoa, o do Cancioneiro

Fernando Pessoa, o do Cancioneiro,
busca no símbolo um abrigo (um desvão?)
com álibi de objeto (longe) - lá!
prata na prateleira da casa
distante do dia a dia escrivão.

Pois que trampolim fêz da Cousa tal marfim
de tão branda calma virou jasmim
que de seu perfume resvalou na cauda
do anjo - doa-hóstia: sem perfis.

Toma: isto é teu: versos (vãos) de epicurista
a dor é dele (do poeta) que os despreza
ó da alma presa (sem descrença)
a aquele sonho do belo baralho da vista.

Decerto asa de anjo a piruetar no ar
confundiu a rota da Perfeição...
...esquecera de acender a alma
na idéia da perseguição.

O mar, o céu (...) até considerou ter fim...
indefinindo a Cousa, tornou-a vasta e tamanha...
nas asas sintáticas de Serafim.

Em trânsito, breca, de quando em vez,
no ar (que desfez o chão) e colhe:
da flor vermelha - o longe do seu botão.

Yara/ 82

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