sábado, 28 de abril de 2012

II - A Brave And Startling Truth - Poema/homenagem ao 50 anos da ONU

    Uma Corajosa e Surpreendente Verdade - Maya Angelou


Nós, este povo, num pequeno e solitário planeta
Viajando através do espaço casual
Passadas indiferentes estrelas, lado a lado de indiferentes sóis
Para uma destinação onde todos os sinais nos contam
É possível e imperativo que aprendamos
Uma corajosa e surpreendente verdade.


E quando chegarmos a ela
Para o dia de fazer a paz
Quando liberarmos nossos dedos
De nossos punhos de hostilidade
E permitirmos o ar puro refrescar nossas palmas


Quando chegarmos a ela
Quando a cortina cai sobre os menestréis brancos (maquiados de negros) do ódio
E rostos aliviados do escárnio são esfregados e limpos
Quando os campos de batalha e o coliseum
Não mais atormentarem nossos únicos e particulares filhos e filhas
Levantados com a ferida e sangrenta grama
Para alojarem-se em idênticos conluios em solo estrangeiro


Quando a voraz tempestade das igrejas
E o gritante clamor nos templos tenham cessado
Quando as flâmulas estiverem tremulando alegremente
Quando as bandeiras do mundo tremerem
Com bravura na boa limpa brisa


Quando chegarmos a ela
Quando deixarmos os rifles caírem de nossos ombros
E as crianças vestirem suas bonecas de trégua
Quando as minas de terra da morte tiverem sido removidas
E o idoso puder caminhar nas noites de paz
Quando o ritual religioso não for perfumado
Pelo incenso de carne queimada
E os sonhos da infância não forem chutados longe
Por pesadelos de abuso


Quando chegarmos a ela
Então confessaremos que não as Pirâmides
Com suas pedras colocadas em misteriosa perfeição
Nem os Jardins da Babilônia
Suspensos em eterna beleza
Em nossa memória coletiva
Não o Grand Canyon
Alumia em deliciosa cor
Por pores-de-sol ocidentais


Nem o Danúbio, fluindo sua alma azul dentro da Europa
Nem o pico sagrado do monte Fuji
Esticando até o Levante do Sol
Nem o Pai Amazonas nem a mãe Mississipi que, sem favor,
Alimentam todas as criaturas nas profundezas e litorais
Essas não são as únicas maravilhas do mundo


Quando chegarmos a ela
Nós, este povo, neste minúsculo e órfão globo
Que alcança diariamente a bomba, a lâmina e a adaga
Ainda que a petição no escuro por penhor da paz
Nós, este povo neste corpúsculo de matéria
Em cujas bocas suportam palavras cancerosas
Que desafiam nossa própria existência
Mesmo fora daquelas mesmas bocas
Vêm canções de tal primorosa doçura
E o coração titubeia em seu trabalho
E o corpo se aquieta em reverência


Nós, este povo, neste pequeno planeta à deriva
Cujas mãos podem golpear com tanto abandono
Que num piscar, a vida é solapada do viver
Ainda que aquelas mesmas mãos possam tocar com tal irresistível ternura da cura
E as orgulhosas costas em se abaixarem
Saindo de tal caos, de tal contradição
Aprendemos que não somos
demônios nem divindades


Quando chegarmos a ela
Nós, este povo, neste instável corpo flutuante
Criado nesta terra, desta terra
Tem o poder de formar para esta terra
Um clima onde todo homem e toda mulher
Possam viver livremente sem beata piedade
Sem incapacitante medo


Quando chegarmos a ela
Nós devemos confessar que somos o possível
Nós somos o miraculoso, a verdadeira maravilha deste mundo
Isso é quando, e apenas quando
Nós chegarmos a ela.


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NT.: Este poema foi escrito e entregue em homenagem aos 50 anos das Nações Unidas. 

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