segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O desenho animado de Caeiro

Abrir a vista com a mesma chave que as casas se trancam, puxando nosso olhar.
Aproximando o próximo. Devolvendo os olhos para sua retina de origem.

"Vi como um danado"...disse Fernando Pessoa em algum lugar de sua vasta obra.

"Sentir como quem olha/ Pensar como quem anda (...)

Pensar imagens. Imaginar conceitos. Ver a matéria. Andar nas partes. Modelagem.

Caeiro criou um "Cristo eternamente na cruz/ E deixou-o pregado na cruz que há no céu/ E serve de modelo às outras". E vê a natureza como "partes sem o todo" ("isso talvez seja o tal mistério de que falam").

Parece que deixando de lado, "pregando" com pregos a seriedade do céu - mediação de cruzes, espinhos. Pregos logológicos (cristãos?), escorrega pelo sol e se entrega ao humor do sonho.
Na descida ascendente de raio em ziguezague descendente de mímica fotográfica. Na terra. De olho nas partes. Próximo do mundo ativo das coisas, picturalidade.
Grama. Pictograma. Partes. Montagem.
A tomada (o plano). A colisão. O conflito entre pedaços. Conceito. Assonância colitera peles e espelhos. Dissonâncias. Força de olhar. Pensamento. Andadura. A cadeia fílmica da frase gestualiza colisões. Texto-para-fábula doando texto-para-textura.

"Num meio-dia de fim de primavera/ Tive um sonho como uma fotografia (...)'

Vi Jesus Cristo na descida à terra/ Veio pela encosta de um monte/ Tornado outra vez menino".

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