domingo, 19 de abril de 2009

Transcriação do poema The Fish - Marianne Moore

É como o peixe que desliza, pele lisa em escamas próprias aos desvios, escorrega, como enguia: enguiça aqui, enrosca por vezes ali. E já lá não mais está. De aberturas nasais que não se comunicam pela boca pois que por brânquias respira - como se, poroso tecido de buracos, desenhasse vãos em trilhas: uma vacância móvel:

(Meu) Peixe (quer renascer em Português)

Vade -
ar em vãos de jade negro
Corvo do mar remexe em conchas
- uma fica
a pairar na pilha de pó;
abre e fecha co-
mo ventila-
dor, engasgado.
Cracas incrustadas na anca
da onda, não encobrem
sinais
submersos do
sol,
piões de espuma reluzem
luar - pisca -
- pisca frestas
de
sim a iluminar corpos
azuis
do mar. A
água deságua cunhas de aço,
atravessa gumes tensos
o aço de penh-
asco - era uma vez, estrelas,
róseos
grãos de arroz, lama
sal pica medusa, caranguejo
quer ser lírio-verde
cogumelo, veneno marinho
permeia trocas.
Todas
marcas externas
de abuso apresentam esse
edifício - desafio:
todas
pistas físicas de
aci-
dente - teto cai
estrias - dinamite
golpes de machado
provas de resistência:
a face do vácuo
está morta.
Insistente
evidência cabal - ele vive
sobre o que não lhe pode
reviver sua juventude. O
mar envelhece nele.

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